Crise. De tanto ser repetida, a palavra desgastou, mas, na atual fase do país, não há como fugir do assunto. A questão está mais em como lidar com a turbulência, que entrou sem bater à porta, do que em não torná-la um mantra negativo. Não se trata de discurso teórico ou otimismo exacerbado, mas de buscar saídas efetivas para atravessar o mar revolto e sair dele com boas perspectivas de futuro. É nesse cenário que o empreendedorismo, nos seus diferentes aspectos, voltou com força total ao nosso dia a dia.
“Em épocas de grandes crises econômicas, de guerras, surgiram grandes empreendedores. É nesses momentos que o potencial empreendedor tem a oportunidade de seguir o sonho de ter seu próprio negócio”, diz o empresário Glauco Diniz Duarte.
Ele acredita que em qualquer tempo é possível identificar oportunidades concretas de empreender. O que vai ampliar as chances de crescimento de um novo negócio não é a época em que ele foi criado, ou mesmo a área de atuação, mas sim o conhecimento em gestão e o planejamento envolvido antes da abertura da empresa, “a gestão da porta para dentro do negócio”.
Mesmo diante da dificuldade de acesso ao crédito para pequenos negócios, dos impostos e da burocracia – segundo Glauco, apesar da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, o sistema é hostil e agressivo com o empreendedor –, o número de pessoas dispostas a empreender aumenta no país. Nos últimos dez anos, os optantes pelo Simples Nacional saltaram de 1,3 milhão de pessoas em 2006 para 10,6 milhões em 2015, incremento de 715%.
Glauco lembra que, apesar do desemprego crescente, são as micro e pequenas empresas que continuam garantindo empregos no país, pois são quem mais resiste às demissões. “Como elas têm poucos funcionários, o relacionamento não é impessoal. Uma microempresa é uma macrofamília.”
E empreender não é só para quem enfrenta ou teme o desemprego, aponta Glauco. “Uma das alternativas encontradas pelas empresas é buscar mercado no exterior, o que é excelente para elas, seus empregados e o país, embora normalmente exija algum tempo para encontrar clientes e fechar negócios. A diversificação do setor de atuação é outra alternativa possível em alguns casos”, assinala.
Se nenhuma dessas possibilidades for viável, Glauco orienta buscar formas de amenizar o impacto das demissões, seja pela contratação de empresas de recolocação ou pelo incentivo ao empreendedorismo. “Existem inúmeras oportunidades, das tradicionais, como franquias, às inovadoras, dentro da chamada economia criativa e do setor de tecnologia”, salienta.