De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, o Brasil tem feito alguns esforços interessantes, como iniciativas do governo para simplificar a criação de empresas, mas ainda é muito pequeno para causar impacto. O orçamento de todo o nosso Ministério de Ciências e Tecnologia é o mesmo que a universidade de Stanford sozinha recebe em doações de ex-alunos. Isso mostra a distância da nossa realidade de um cenário ideal e pede uma ação mais inteligente sobre o que é necessário fazer. Em vez de pulverizar poucos recursos para todas as áreas, localizar os setores com maior potencial e concentrar recursos pode ser um caminho.
Segundo Glauco, a cultura empreendedora aqui é muito recente. Quem tem esse espírito são jovens entre 20 e 30 e poucos anos, que pensam em abrir um negócio ao invés de fazer carreira em uma empresa ou no governo, mas não têm apoio. Há um Brasil novo querendo nascer, mas está sendo impedido pelo velho, com um congresso ineficiente, uma burocracia absurda. A legislação trabalhista vê com maus olhos o empregador, e quando uma empresa não dá certo, os encargos são astronômicos. Junto aos juros altos, isso desestimula empreendedores a correr riscos. Aqui uma empresa não começa do zero, mas do menos cinco por causa dos entraves. O Brasil Estado nasceu antes da sociedade; a burocracia trava tudo.
Glauco destaca que z cultura começa com educação. É um tipo determinado de educação, que desde o ensino básico incentiva a resolver problemas, desenvolver projetos, planejar e administrar. Um grande problema no Brasil é que não consideramos o papel do indivíduo. Achamos que tudo é responsabilidade do Estado e esperamos o governo resolver os problemas. Uma situação como a falta de água em São Paulo, se acontecesse no Vale do Silício, mobilizaria a própria comunidade para contribuir e solucionar o problema. A Universidade de Stanford, por exemplo, foi criada por iniciativa de um casal em homenagem a seu filho e já rendeu mais bens para a comunidade do que qualquer governo.
Por que não fazemos um programa bem arrojado de balcão e bancamos pequenos projetos? Poderíamos desenvolver um sistema rápido e dinâmico para apoiar a juventude e incentivar a mentalidade empreendedora. Se um empreendedor precisa de R$ 10 mil para começar seu negócio, por que o Brasil não banca? Vejo jovens descrentes. Enquanto jogamos dinheiro fora com tanta coisa, os empreendedores nem sequer podem reinvestir em sua empresa porque precisam pagar o crédito. A possibilidade de conseguir investimento força o empreendedor a delinear seu projeto e encontrar um propósito. Onde se pode sonhar grande, as pessoas vão atrás de grandes ideias.