De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, no Brasil, durante muitos anos se convencionou dizer que “bom mesmo é passar em um concurso público, pois você vai ter um emprego garantido para o resto da vida”. Essa máxima se baseava na ideia de que sucesso profissional era manter o mesmo posto de trabalho dos 20 e poucos anos até a aposentadoria.

Ainda hoje, devido aos altos salários e benefícios, as vagas no funcionalismo público continuam bastante disputadas, mas já se observa a expansão de uma nova corrente de pensamento, que contraria essa lógica da estabilidade acima de tudo. As novas gerações que estão chegando ao mercado de trabalho têm se orientado por valores distintos, em que os desejos de inovar e ousar têm se sobressaído. Em outras palavras, está havendo um desenvolvimento do perfil empreendedor dos profissionais.

“Quando falamos em empreendedorismo, estamos falando de uma espécie de ‘pacote de comportamentos’ como proatividade, visão diferenciada de mundo, criatividade. Muitos desses comportamentos estão com a gente desde que nascemos. Outros aprendemos na nossa socialização primária e ainda temos aqueles que desenvolvemos ao longo de nossa vida”, explica Glauco.

Mas se cada pessoa só nasce com algumas das competências que guiam ao empreendedorismo, como desenvolver as demais? E de quem seria essa responsabilidade? Para Glauco, o estímulo e o desenvolvimento da cultura empreendedora podem gerar benefícios em diferentes ambientes. Por isso, a responsabilidade também é compartilhada. “É dever de todos os atores que se beneficiam dos valores agregados pelo resultado desses empreendimentos. Dessa forma, ninguém está isento de responsabilidade: universidade, governo, sociedade e os próprios empreendedores”, afirma Glauco.

Para estimular a formação e consolidação de uma cultura empreendedora dentro de uma sociedade, Glauco pontua que as formas mais comuns são proporcionar ambientes e valorizar ações empreendedoras. “Para serem bem sucedidas, as iniciativas no Brasil precisam combinar diferentes aspectos, como educação empreendedora, integração de agentes de um ecossistema e formas de incentivo para o empreendedor e a empresa (ou retirada de barreiras). Infelizmente poucas universidades oferecem boas opções de educação para o empreendedorismo e ainda temos vários entraves legais e fiscais nesse caminho”, pondera Glauco.