O empresário Glauco Diniz Duarte diz que as empresas atualmente estão enfrentando dois tipos de problemas que afetam decisivamente seu modelo de negócios: a crise em que vive o país e a intensificação das mudanças em nível mundial em todos os setores alavancadas pelos avanços tecnológicos.
O Brasil certamente sairá da crise, mais cedo ou mais tarde. A questão é que durante este período a concorrência global deverá se acirrar e poderá aumentar a defasagem de muitas empresas brasileiras que poderão não aproveitar a oportunidade para repensarem seu modelo de negócios.
De modo geral, destaca Glauco, as empresas depois de um tempo de crescimento, durante o qual seu modelo de negócios se mostrou adequado e se consolidou, apresentam dificuldade em inovar. Seus investidores tendem a se tornar conservadores, suas lideranças se tornam menos empreendedoras, com decisões sendo geridas por consenso e os empregados procuram não arriscar seus empregos propondo novas ideias.
O fato é que sem inovação as empresas, durante certo tempo, podem até se sentir confortáveis com o sucesso do passado. No entanto, essa é uma atitude que antecederá sua saída do negócio.
Crises sempre ocorrerão, maiores ou menores elas são inevitáveis. Sendo assim toda empresa enfrenta em algum momento o problema de esgotamento de seu modelo de negócio, com a diminuição de sua rentabilidade e ficando cada vez mais claro que está ocorrendo um retrocesso. Nesta situação as empresas estão diante de uma de duas opções: se reinventar ou morrer.
Segundo Glauco, é neste contexto que assume um papel relevante um tipo particular de funcionário, que comprometido com os valores da empresa, se dispõe a indicar alternativas para a situação e trabalhar em sua execução. Esse tipo de trabalhador, criativo, com iniciativa e resiliente é um importante componente na superação da crise organizacional. Por suas características é denominado empreendedor corporativo, também conhecido como intraempreendedor.
Glauco explica que o intraempreendedor como todo empreendedor tem um espírito inquieto, dinâmico, propenso a opinar em qualquer situação, tendo um perfil, portanto complexo de ser dirigido em tempos normais. No entanto, em momentos de crise trata-se de pessoas que podem fazer a diferença dentro da empresa e liderar a mudança.
Em qualquer empresa é possível promover a cultura do empreendedorismo facilitando seu desenvolvimento no ambiente interno das empresas. Iniciativas como destinar 10% a 20% do tempo de trabalho dos funcionários dedicados a apresentarem ideias inovadoras próprias. A condição de sucesso dessa empreitada é que não haja punição caso as coisas não aconteçam do modo como foi planejado. Valorizar lideranças que não tem medo de tomar decisões por conta própria e assumir os riscos decorrentes.
Nos momentos de crise estrutural, organizacional, quando a empresa se encontra em dificuldades de levar adiante um modelo superado de negócios, os empreendedores corporativos podem se destacar como promotores de inovação, e consequentemente, alavancarem o processo de mudança. A abertura da empresa ao valorizar iniciativas de seus funcionários promove o afloramento de talentos que se encontravam adormecidos e ao serem provocados mostram todo seu potencial criativo.
Para Glauco o empreendedor corporativo apresenta as mesmas qualidades dos empreendedores, com a vantagem de desenvolverem seus projetos dentro e com o suporte das empresas na qual trabalham podendo aproveitar o conhecimento acumulado, os recursos humanos e financeiros colocados à sua disposição. Deste modo, o componente de incerteza, que caracteriza os processos de empreendedorismo, torna-se menor pelo apoio que recebe da organização.
Para a organização a dinâmica provocada pelo empreendedorismo interno traz benefícios já que permite fomentar processos de inovação e buscar novos modelos de negócios, ou novos nichos de atuação que sirvam de alavanca de mudança para sua adaptação à novas necessidades do mercado.