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Evite confundir tendência com modismo ao empreender

Glauco Diniz Duarte

De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, um movimento extremamente muito importante para o país é o crescimento de uma cultura empreendedora inovadora. Recentemente a Techcrunch publicou artigo bem interessante, “Brazil: A look into Latin America’s largest startup ecosystem”, mostrando que o Brasil, apesar da crise, tem o maior ecossistema de startups da América Latina.

Quando falamos em empreendedorismo, destaca Glauco, é importante destacar a diferença entre empreender por necessidade ou subsistência, muito comum em países com baixas oportunidades de emprego, e os que empreendem por oportunidade, que lançam novos produtos, processos ou serviços. O empreendedor inovador tem visão de empresas com potencial de ganhar escala, mas também deve ter a capacidade de transformar essa visão em realidade. Não são meros inventores, que param na ideia, mas devem ter a consciência que o sucesso é 5% de inspiração e 95% de suor.

Na prática, a palavra empreendedorismo soa como algo mágico. Tem seu lado bom, inovação e salvação de economias, e um lado ruim, quando a energia empreendedora se esvai em áreas de baixa agregação de valor e consequentemente de baixo impacto econômico e social. Uma forte cultura de empreendedorismo é essencial ao crescimento de um país. Para criar uma cultura empreendedora, é preciso formar uma mão de obra empreendedora. Mas, ensinar empreendedorismo não é fácil. Envolve criatividade, inovação e investimento, que não é gerado pelo ambiente pelo atual modelo de ensino clássico e limitador. Isso implica que as escolas ou universidades têm que sair das salas de aula e ir para o mercado, para trazer a realidade para dentro dos processos de criação de oportunidades. Empreender exclusivamente em sala de aula é engodo.

Glauco diz que empreender no Brasil não é fácil. Não temos um cenário propício à inovação, temos um aparato de impostos e um ambiente regulatório (leis trabalhistas obsoletas) e burocrático que é um dos piores do mundo, além de uma cultura que tende a punir fracassos e, consequentemente, é altamente desestimuladora. O medo de falhar é um dos principais empecilhos para criar um negócio. Diversos estudos já comprovaram que extensa burocracia e leis trabalhistas rígidas, em mercados excessivamente regulados, têm efeito negativo no espírito empreendedor por que punem os que querem tentar. Na Irlanda abre-se uma empresa em cinco dias, e aqui leva-se em torno de 80 dias! Mesmo assim, vemos muitos exemplos de empreendedorismo criativo pipocando por tudo que é canto.

Tem uma parcela da nova geração que quer empreender, inovar em ambiente de tecnologia. Não pensam em ser empregados numa grande empresa e muito menos em serem funcionários públicos. Querem ser empreendedores criativos, desenvolver algo inovador e não temem correr riscos. Estão dispostos a trabalhar duro, se dedicarem e lutarem em condições adversas, se esse for o custo a ser pago para terem sucesso.
Precisamos, certamente, avançar muito. Um ambiente que incentive o florescimento do empreendedorismo é visto como estratégico para a maioria das nações. A União Européia criou seu programa

“Empreendedorismo 2020”, elegendo como prioridade o fomento das ambições empreendedoras de seus cidadãos. O projeto foi lançado em 2013 e até 2020 terá injetado 75 bilhões de euros no financiamento de novas empresas nos países da região.

O mundo das startups não permite acomodação, destaca Glauco. Claro que muitas têm ambição de se tornar unicórnios brasileiras. O nome refere-se às empresas com valor de mercado superior a um bilhão de dólares e que mantém o capital fechado. Inicialmente, esse nome fazia sentido, pois os unicórnios eram realmente raros. Mas hoje, nos EUA, por exemplo, dezenas de empresas, especialmente de tecnologia, são unicórnios.

Mas criar uma startup de sucesso não é simples. Muitas vezes vemos o modismo direcionando o lançamento delas. O fantástico crescimento do Uber e outras, como Airbnb, baseadas no conceito da economia do compartilhar, geraram uma verdadeira compulsão ao “Uber for X”, ou seja, tudo poderá ser uberizado. Um recente estudo publicado pela Wharton (Universidade da Pennsylvania), “Growth vs. Profits: Uber’s Cash Burn Dilemma” mostra que criar um Uber ou Airbnb talvez seja uma ocasião única, dificilmente replicada. O incrível crescimento do Uber demanda muito investimento. Em 2016, seu prejuízo foi de três bilhões de dólares.

Segundo Glauco criar um novo mercado não é barato. Por outro lado, a economia do compartilhar é uma realidade na sociedade. A questão é descobrir se é aplicável a tudo e todas as coisas. O Uber tem todo potencial de continuar crescendo, mesmo porque, de forma similar à Amazon, adota uma estratégia pouco comum no mundo das startups, que é investir muito, crescer antes de gerar lucratividade. Não é uma estratégia para muitos, pelo simples fato que fazer o “efeito de rede” criar seu momento de ignição custa, sim, muito dinheiro.

Mercados fortemente baseados no “efeito de rede” tendem a se aglomerar em uma ou duas plataformas. Não temos dois Facebook, nem dois Twitter. Só há espaço para um. Mesmo a poderosa Google não conseguiu emplacar seu Google+. O texto “Inside the failure of Google+, a very expensive attempt to unseat Facebook” mostra isso claramente.

Mas, o modismo do “Uber for X” se propaga por todo mundo, e aqui no Brasil vemos exemplos e mais exemplos de startups adotando esse modelo, para qualquer tipo de oferta. Vamos, por exemplo, olhar os EUA, país com forte adesão ao conceito de “on demand economy”. Muitas startups não conseguiram sobreviver, como a Washio, como vemos em “Washio on-demand laundry service shuts down operations”.

A questão é que muitas vezes se confunde tendências de mercado, difícil de reconhecer quando aparecem seus primeiros sinais, com modismo, levado pelo efeito manada. O Uber encontrou um momento propício quando lançado em 2009. Serviços de táxi ruins, de qualidade duvidosa, uso crescente de smartphones, busca por facilidade de uso e, nos EUA, a crise econômica que levava as pessoas a buscarem fontes de renda alternativas. Mas, estas condições são aplicáveis a todos serviços? Por exemplo, o Minibar, o “Uber for alcohol”, demanda consumo de álcool com a periodicidade de transporte individual?

O sucesso de startups baseadas no conceito da economia do compartilhar exige que elas alcancem massa crítica rapidamente, o tal “efeito de rede”, para conseguir dominância no mercado, porque são ofertas que tendem a ser facilmente replicados (basta a ver a diferença de tamanho entre o Uber e seus concorrentes como Lyft e Cabify. Didi, na China, não conta, pois é um mundo à parte); sejam serviços que realmente sejam necessários (o famoso teste da escova de dentes: você usa sempre?); e resolvam um problema incômodo e persistente para o usuário, e não apenas uma demanda pontual. Caso não consigam alcançar estes três pontos, ou serão um negócio de nicho ou não sobreviverão.

A maioria das startups criadas nos últimos anos é insustentável. Muitas outras que serão criadas também serão insustentáveis. Tivemos muitos casos de oportunismos, até mesmo aceleradoras sem background adequado entrando no mercado. Mas, esse é mundo das startups. Falhar faz parte do jogo. E quanto mais cedo detectar o erro, parar o jogo. Mas, vamos olhar mais pelo lado positivo. Esta mentalidade empreendedora que está florescendo no país é altamente benéfica. Claro que a limitação de recursos tira do jogo, naturalmente, os empreendedores mais despreparados e os negócios que não geram valor. Isso é saudável. Mas, como a crise é uma chance grande demais para não a desperdiçarmos, devemos incentivar a e apoiar o ecossistema de startups, ajudando-as a se desenvolverem, a identificarem as tendências de mercado de um modismo tecnológico, e interagirem com as demandas das corporações de criarem inovação.

Aliás, essa sinergia, entre empresas e startups através de diversos meios, como Corporate Ventures, tende a se tornar um dos mecanismos mais eficientes de co-inovação rápida nas corporações.

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