GLAUCO DINIZ DUARTE Primeira usina nuclear flutuante começará a gerar energia em 2019
A nova unidade de geração nuclear da Rússia, que começará a produzir em 2019, demonstra claramente o tamanho os desafios que a humanidade enfrenta para ter capacidade de gerar energia. Embora seja um conceito conhecido, o mundo está prestes a ver a primeira usina nuclear flutuante. A doca, onde a unidade geradora está instalada, foi lançada ao mar no Estaleiro Baltiysky Zavod, no Centro Industrial de São Petersburgo, na Rússia. A planta já está sendo testada e ficará ancorada na costa do Ártico, no Extremo Oriente da Rússia.
As obras na doca, que será a sede da usina nuclear flutuante Acadêmico Lomonosov, começaram na Baía da cidade de Pevek, Chukotka. Lá, as condições meteorológicas são extremamente severas. No inverno, a temperatura despenca para 60 graus negativos, obrigando as instalações de terra a suportarem o impacto do frio, do gelo e dos fortes ventos na região. São desafios imensos. A planta, que teve seu projeto iniciado em 2007, consistirá na unidade de geração de energia flutuante e as instalações em terra serão para a transmissão de eletricidade, calor e distribuição de água.
Quando entrar em operação, no final de 2019, a nova unidade irá substituir as unidades geradoras da usina nuclear Bilibino e da usina térmica Chaunsky, que atualmente fornecem energia e calor para a Região de Chukotka, no extremo oriente da Rússia. A nova central nuclear terá a capacidade de gerar 75 MW de energia elétrica. Quase o dobro da capacidade de Bilibino. O custo de sua construção está estimada em US$ 480 milhões.
A Usina Acadêmico Lomonosov está atualmente passando por testes de doca no estaleiro Báltico, em São Petersburgo, conhecido por construir navios da frota de quebra-gelos nucleares da Rússia e único estaleiro do mundo com experiência na construção de reatores navais civis. A unidade de 21.000 toneladas terá dois reatores da classe KLT-40S, de baixo enriquecimento, alimentado com urânio usado em alguns dos quebra-gelos da Rússia e duas turbinas a vapor. Ela terá a capacidade de fornecer energia suficiente para abastecer uma cidade de 200.000 pessoas e produzir 300 megawatts de calor, o equivalente ao que 200 mil toneladas de carvão produziriam por ano.
A unidade de navegação não tem propulsão e deve ser rebocada para o local onde vai operar. É uma espécie de barcaça com três pavimentos e dez compartimentos. Além de reatores, ela é equipada com instalações de armazenamento de combustível nuclear e também para espaços adequados os resíduos nucleares líquidos e sólidos. Essas usinas flutuantes são projetadas para serem seguras contra terremotos e tsunamis, bem como de ameaças de fusão, já que a zona ativa do reator está debaixo d’água, a temperaturas baixíssimas.
tripulação da planta é composta por 70 engenheiros. A equipe estará vivendo na plataforma com todas as comodidades semelhantes a de um hotel de quatro estrelas. Isso faz parte do planejamento para proporcionar todo conforto aos que estiverem trabalhando na usina. E por um motivo bastante simples: as equipes precisarão ficar embarcadas durante um ano inteiro.
A Usina flutuante terá uma vida útil de até 40 anos de serviço, com três ciclos de funcionamento de 12 anos. Após cada ciclo, a unidade será rebocada para o estaleiro onde serão feitos tofos os reparos necessários, reabastecimento e remoção de resíduos radioativos.
Esta unidade será a primeira de uma frota de usinas nucleares flutuantes que podem fornecer calor e energia para regiões remotas do país e ajudar na extração de recursos naturais. A Rússia também pretende alugar as plantas para outros países, onde serão utilizados para a produção de eletricidade e dessalinização da água. A embarcação, com a facilidade, dizem os engenheiros, poderia ser convertida em uma estação de dessalinização com capacidade de produção de cerca de 240.000 metros cúbicos de água potável por dia.
A vantagem de uma usina nuclear flutuante, segundo seus criadores, é que ele pode ser ancorada em quase qualquer lugar onde há uma linha de transmissão para distribuição da energia. A implantação de instalações nucleares no mar, no entanto, também levanta preocupações dos ambientalistas, que alertam para as diretrizes de segurança de instalações nucleares. Essas diretrizes foram escritas quando o conceito ainda não existia e, portanto, segundo esses ambientalistas, devem e precisam ser revistas.