GLAUCO DINIZ DUARTE Avião solar estratosférico faz o primeiro voo de teste
Na quarta-feira decolou o Solar Stratos, um avião com 8,5 metros de comprimento e cujas asas estão cobertas por 22 metros quadrados de placas solares, no aeroporto de Payerne, cantão da Vaud (oeste).
“Para mim e toda a equipe foi um momento emocionante”, afirmou Raphaël Domjan, fundador da Solar Stratus, pouco antes da decolagem. “Mas ficamos um pouco nervosos por não saber se tudo o que fizemos nos últimos três anos daria certo.”
A expectativa do fundador e aventureiro é de conseguir sobrevoar, em 2018, a 25 mil metros de altitude, três vezes mais do que o Monte Evereste, a estratosfera com a sua aeronave solar. Seria a primeira vez na história da aviação solar com motores elétricos.
Barreira
Porém antes esse suíço de 44 anos tem alguns desafios pela frente. Mesmo sendo um piloto experiente, que começou a voar asa delta aos 15 anos, Domjan precisa aprender no simulador de voo a operar o pequeno avião experimental no solo e guiá-lo no ar. Pois muitos elementos do Solar Stratos – bateria, hélices e motores – ainda estão sendo desenvolvidos, o que dá uma certa insegurança ao projeto.
Domjan espera no verão testar a aeronave em diferentes altitudes. No final de 2017 tentará bater o recorde de altura para aviões solares tripulados, que hoje é de 9.235 metros, conquistado pelo piloto André Borschberg em 2010 com o Solar Impulse.
De fato, o projeto Solar Stratos surgiu apenas poucos meses depois que os dois pilotos, Borschberg e Bertrand Piccard, realizaram a história no verão de 2016 a histórica volta ao mundo em um avião solar com o Solar Impulse.
A Suíça é um país de pequenas dimensões. Por isso não é de se espantar que os dois pilotos Piccard – de Lausanne – e Domjan – de Neuchâtel – sejam amigos. Domjan planeja convidar o fundador do projeto Solar Impulse, para bater junto com ele o recorde de altura na aeronave de dois lugares.
O Solar Impulse, cuja forma lembra a de uma libélula, tem 22 metros de comprimento e uma envergadura de 72 metros. Já o protótipo do Solar Stratos tem 8,5 metros de comprimento e 24,8 metros de envergadura. No volume, o leve avião pesa apenas 350 quilos. O Solar Impulse II impressiona com suas 2.3 toneladas.
Também existem diferenças no orçamento: o Solar Impulse custou 172 milhões de francos; o Solar Stratos apenas 10 milhões.
A equipe do Solar Stratos avalia que a viagem à estratosfera e o retorno irão durar aproximadamente cinco horas e meia: duas horas e meia até o ponto mal elevado, seguidos pelo voo 15 minutos com o céu descoberto e três horas de retorno.
Com o voo à estratosfera, Domjan quer mostrar “as coisas maravilhosas que a energia solar permite hoje em dia alcançar.”
Se tudo der certo, o aventureiro já tem planos. Um deles seria oferecer o primeiro voo comercial em alturas elevadas e, dessa forma, fazer concorrência às empresas de balão “Zero2Infinity” e “WorldView”. Outra ideia são os drones estratosféricos para apoiar satélites ou substitui-los. Esses drones estão sendo desenvolvidos hoje em dia por empresas como Facebook e Google.