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GLAUCO DINIZ DUARTE

Glauco Duarte Diniz – o’que é energia solar

Glauco Duarte Diniz - o'que é energia solar
Glauco Duarte Diniz – o’que é energia solar

Glauco Duarte Diniz – o’que é energia solar

Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, há algum tempo se fala em energia solar fotovoltaica, mas ainda existem muitas dúvidas sobre o assunto. Muitas perguntas ainda rodeiam a cabeça das pessoas: “Será que vale a pena? Tem até kit sendo vendido na internet! “Será que é isso mesmo? “Mas, afinal, o que é e como funciona?

Basicamente, energia solar fotovoltaica é a eletricidade produzida a partir da luz do sol (foto=luz). É energia limpa e renovável. Mas, você pode estar se perguntando: São aqueles painéis pretos que vemos nos telhados das casas? Não exatamente…

Aquecimento solar ou energia solar?

Até muito pouco tempo, olhávamos as placas pretas nos telhados de algumas casas e sabíamos que era energia solar, mas para aquecimento da água do chuveiro ou da piscina. De uma maneira bem simplista, eram placas pretas com serpentinas de água dentro sendo aquecidas pelo calor do sol.

Mas agora, se você prestar mais atenção, vai reparar que elas podem ser diferentes. Podem ser painéis fotovoltaicos, ou seja, placas que transformam a luz do sol em energia elétrica. Sim, aquela que você usa na tomada!

Um pouco de história

Essa tecnologia é bem antiga. As primeiras células solares fotovoltaicas eram usadas em satélites, uma excelente maneira de gerar energia elétrica lá no espaço. Confira abaixo a cronologia envolvendo este tipo de energia.

1990 – Sistemas autônomos

Na década de 1990, a tecnologia barateou e viabilizou sua aplicação em casas isoladas, em postes de iluminação de estradas e sistemas de bombeamento de água. Em regiões onde a energia elétrica não chega, é mais barato instalar um sistema autônomo de energia solar fotovoltaica do que levar a rede de distribuição até lá. São os chamados sistemas autônomos: uma placa fotovoltaica, um regulador de carga e uma bateria. A bateria permite o uso da energia em horários que não tem sol. Estamos falando de sistemas pequenos, para uma lâmpada, uma TV e uma geladeira, por exemplo.

No final da década de 1990, com a queda do custo das placas fotovoltaicas, os sistemas conectados à rede foram incentivados no Japão, pelo programa PV Roofs”, e depois por programas semelhantes na Alemanha e Estados Unidos, seguidos pela Espanha, Holanda, Suíça e Austrália. Em 1999, dos 200MWp instalados, 60MWp eram de pequenos sistemas fotovoltaicos conectados à rede. Sistemas conectados à rede dispensam a bateria e jogam a energia direto na rede elétrica, então, ora você está tirando energia da rede, ora você está jogando energia nela.

2000 – Avanços na tecnologia

Enquanto isso, no Brasil, algumas instituições como a USP, COPPE, CHESF, entre outras já testavam pequenos sistemas conectados à rede, de até 6,2kWp. Até então, a tecnologia estava pronta, só faltava baratear um pouco e ter uma regulação para que fosse possível jogar oficialmente energia elétrica na rede da concessionária e ter, de fato, um desconto na conta.

2012 – Sistemas conectados à rede, geração distribuída e créditos de energia

Finalmente, em 2012, veio a Resolução REN 482/12 da ANEEL, conhecida como “lei de incentivo à energia solar”, que estabeleceu as regras para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e de compensação (net metering) conhecido como “créditos de energia”. É esta resolução que regula a troca de energia com a rede elétrica, ou seja, foi a partir daí que se tornou possível gerar energia no telhado, jogar na rede da concessionária e ter um bom desconto na conta!

A criação desta Resolução permitiu ao proprietário de um gerador de fonte renovável com uma potência de até 5 MW injetar na rede a energia que não fosse consumida no momento da geração, recebendo créditos (em kWh) na conta de luz. O consumidor, assim, paga, a cada mês, somente o valor da diferença entre a energia consumida da rede pública e a que foi gerada por ele.

2015/2016 – crise hídrica e a importância da eficiência energética

No ano de 2015, o Brasil passou por uma forte crise hídrica e isso refletiu no aumento das tarifas de energia. Mas, qual a relação entre crise hídrica e energia?

Temos abundância de rios e nossa matriz energética é prioritariamente hidrelétrica. Por isso, há alguns anos, o brasileiro tendia a pensar com tranquilidade sobre a questão hidroenergética. Mas, nossa falta de ação em relação aos impactos das mudanças climáticas nos levou à situação atual. Tarifas vermelhas nível 3 e possibilidade de surgimento dos níveis 4 e 5. Termoelétricas sendo ativadas e gerando energia mais suja e cara.

A equação não é de fácil resolução. Precisamos nos desenvolver economicamente e, geralmente, este crescimento está ligado ao aumento do consumo energético. Não conseguimos aumentar a produção energética a níveis capazes de acompanhar tal demanda e, por outro lado, os impactos negativos das mudanças climáticas tornam ainda mais complicada a situação.

E como podemos trabalhar para reverter esse processo?

A primeira ação a ser tomada para resolver essa equação chama-se eficiência energética! Ela permite que, com a mesma quantidade de energia, seja possível produzir mais ou manter os mesmos níveis de produção ou conforto reduzindo o consumo. A segunda ação é inevitável e indiscutível: temos que limpar nossa matriz buscando fontes mais estáveis e renováveis como a solar e a eólica.

Geração compartilhada

Nesse cenário, em 2015, a ANEEL aperfeiçoou a Geração Distribuída com a Resolução REN 687/2015, que conferiu mais direitos a quem gera sua energia, além de criar novos modelos de compensação energética, aumentando as possibilidades de quem quer aderir à energia solar. Entre as mudanças, que passaram a vigorar no ano de 2016, estão os aumentos da potência máxima dos geradores de energia (de 1 MW para 5 MW) e do prazo de validade dos créditos na conta de luz (de 36 para 60 meses).

Além disso, uma grande novidade foi a possibilidade da geração compartilhada. Mas, o que isso quer dizer? Significa que passou a ser possível construir uma grande usina em um lugar remoto, onde a terra é mais barata e o sol abundante, livre da sombra dos grandes centros e formar consórcios, associações ou cooperativas. Dessa forma, pode-se oferecer energia limpa a vários consumidores diferentes. Se os maiores problema dos pequenos consumidores, sejam pessoas físicas ou jurídicas, eram a falta de espaço e dinheiro para a instalação de um sistema fotovoltaico, em casa ou no escritório, não é preciso mais se preocupar.

Isso quer dizer que, através de modelos de consórcios ou cooperativas, podemos ter acesso a certa quantidade de energia renovável de acordo com nossas necessidades. Por exemplo, se o imóvel consome, em média, 300kWh/mês, é possível optar por comprar entre 150 e 250 kWh/mês, ou até o equivalente ao total, uma vez que o excedente não se perde, mas se transforma em crédito, que poderá ser utilizado em até 60 meses.

Ainda há pequenos gargalos, como as dificuldades administrativas junto a distribuidoras, mas podemos afirmar que a normatização energética brasileira já permite que qualquer pessoa tenha acesso à energias renováveis.

Essa modalidade traz vantagens que vão além das ambientais, já que as tarifas do mercado convencional tendem a crescer cada vez mais e podem oscilar repentinamente dependendo, por exemplo, das chuvas.

Na prática, como as coisas estão acontecendo?

Cinco anos após a regulamentação da micro e da minigeração distribuída de energia pela ANEEL, o Brasil chegou à marca de 17 mil conexões. A maioria das conexões são no segmento residencial, cerca de 13 mil instalações. Como pode ser notado no Gráfico abaixo, Minas Gerais é o estado líder do país, seguido de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Estes são alguns dos resultados identificados pela pesquisa “O Mercado Brasileiro de Geração Distribuída Fotovoltaica”, que chegou a sua quarta edição em 2017. Essa pesquisa é parte integrante do Programa América do Sol, desenvolvido pelo Instituto para o Desenvolvimento de Energias Renováveis na América Latina (IDEAL) juntamente com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK-RJ).

Foi indagado às empresas participantes do Estudo qual o tempo médio para a conclusão de todas as etapas da instalação de um sistema fotovoltaico conectado à rede – desde a assinatura do contrato entre a empresa e o cliente até a aprovação pela distribuidora e a efetiva conexão do sistema na rede. Nas 154 empresas que realizaram algum projeto no ano de 2016, o tempo médio de duração de instalação e conexão foi de dois meses e 15 dias.

Na primeira edição do Estudo, em 2013, esse número era ainda maior: as empresas levavam cerca de seis meses para concluir o projeto, instalação e conexão. Os dados recentes mostram que o tempo gasto com todo o processo vem sendo otimizado e que, a cada novo ano, a instalação e conexão acontecem em menos tempo, o que é um ponto muito positivo para o consumidor final.

Além de o tempo de instalação ter diminuído ao longo dos anos, outro ponto crucial é o preço médio de instalação, que também vem caindo. Na faixa de potência de até 5 kWp, as empresas instaladoras informaram uma média de R$ 7,51/kWp. Dependendo da região, um kit de 5kWp pode gerar de 500 a 700kWh em um mês, mais que suficiente para suprir a demanda de uma família grande ou de duas famílias médias. Desde o início da pesquisa, esse preço teve uma queda de cerca de 15% na faixa de potência de até 5 kWp. No gráfico abaixo, pode-se notar que nas demais faixas de potência instalada o preço médio também sofreu queda desde o ano de 2013, primeira edição da pesquisa.

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