Glauco Duarte Diniz – qual a energia renovável com menor impacto ambiental
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, os recursos naturais são aqueles que nosso planeta nos oferece sem necessidade de intervenção humana. Eles são essenciais para sobrevivência, mas, se forem consumidos em um ritmo mais rápido do que a sua regeneração natural, como acontece atualmente, eles podem acabar.
Existem dois tipos de recursos naturais: renováveis e não renováveis. Os primeiros são inesgotáveis — como a radiação solar — ou sua renovação é relativamente rápida — como é o caso da biomassa. Os não renováveis são os recursos que existem na natureza de forma limitada, uma vez que sua regeneração demora muitos anos, tais como os minerais e os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão).
Os seres humanos estão esgotando esses recursos naturais do planeta, e os níveis de qualidade de vida começarão a diminuir por volta de 2030, caso medidas imediatas não sejam tomadas. O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alerta que a atual superexploração dos recursos naturais está criando um enorme déficit. Anualmente, são consumidos 20% a mais de recursos em relação à quantidade regenerada, e esse percentual não para de crescer.
Portanto, se continuarmos nesse ritmo, precisaríamos de 2,5 planetas para nos abastecer em 2050, de acordo com o último relatório Planeta Vivo (2016). O relatório mostra que a população mundial de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuiu 58% entre 1970 e 2012, devido às atividades humanas. A previsão é que essa porcentagem chegará a 67% no ano de 2020.
CONSEQUÊNCIAS DA SUPEREXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
Esse consumo descontrolado dos recursos naturais gera efeitos expressivos:
Ambientais: o desaparecimento dos habitats essenciais para a fauna e flora, ou seja, a extinção de espécies. Existem cerca de 30 milhões de espécies animais e vegetais diferentes no mundo e, delas, 26.197 espécies estavam ameaçadas de extinção, de acordo com levantamento de 2018 da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Econômicas: 33% do solo do planeta está degradado em níveis de moderado a alto, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicado em 2017. Se a erosão de solo fértil continuar nesse ritmo, os preços dos produtos agrícolas vão inevitavelmente disparar.
Para a saúde: se não cuidarmos das florestas, haverá menos sumidouros de carbono e, portanto, mais poluição do ar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar com altos níveis de poluição e sete milhões de pessoas morrem anualmente por conta da contaminação — ambiental (do exterior) e doméstica — do ar.
SOLUÇÕES PARA COMBATER A SUPEREXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
O futuro, como afirma a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, representa um desafio duplo aos seres humanos: conservar as múltiplas formas e funções da natureza e criar um lar equitativo para as pessoas em um planeta finito. Se quisermos reverter essa situação, entre outras coisas, será necessário:
Preservar o capital natural:
Restaurar os ecossistemas deteriorados e seus serviços.
Conter a perda dos habitats prioritários.
Expandir de forma significativa a rede global de áreas protegidas.
Melhorar os sistemas de produção:
Reduzir consideravelmente os objetos, materiais e recursos utilizados no desenvolvimento da vida humana e o volume de resíduos nos sistemas de produção.
Gerenciar os recursos de modo sustentável.
Potencializar a produção de energia renovável.
Consumir de forma mais responsável:
Promover estilos de vida que gerem menor impacto ambiental.
Alterar os atuais padrões de consumo de energia.
Fomentar padrões saudáveis de consumo.
Reorientar os fluxos financeiros:
Valorizar a natureza e os recursos naturais
Assumir as responsabilidades pelos custos ambientais e sociais.
Apoiar e recompensar empresas que promovam: conservação e gestão sustentável dos recursos naturais e inovação em sua atividade.
Como conclui o relatório Planeta Vivo, “o futuro desenvolvimento de energias renováveis e seu rápido crescimento podem contribuir para reduzir os riscos climáticos, melhorar a saúde humana, fortalecer a economia e criar empregos para substituir os das indústrias que usam combustíveis fósseis”.