Glauco Duarte Diniz – Inovação na Construção Civil
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a inovação na construção civil está em alta. Depois de um bom tempo com resultados negativos seguidos, este mercado voltou a crescer, e certamente muito disso deve-se às novidades e tendências, as quais desenham um futuro ainda mais promissor para a área.
De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), foram 20 trimestres consecutivos de queda do PIB no segmento de construção civil quando comparado ao mesmo período do ano anterior, o que equivale a uma recessão de 5 anos.
Depois de um período tão turbulento, a construção civil cresceu 2% no segundo trimestre de 2019, o que colocou fim às quedas constantes e mostrou que a recuperação seria questão de tempo.
Tal retomada foi comprovada também pela pesquisa “Indicadores Imobiliários Nacionais – 2º Trimestre de 2019”, que mostrou haver um aumento de 11,8% nos lançamentos residenciais em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (30.607 x 27.381) e de 15,4% na comparação semestral (46.215 x 40.062).
É fato que este crescimento pode ser interrompido pela pandemia do novo Coronavírus, mas é importante se atentar que ele está afetando o mercado como um todo, não apenas o setor de construção civil. Logo, isso não invalida a retomada que já vinha ocorrendo há alguns meses no setor.
Entre tantos motivos que podem estar relacionados à volta do crescimento neste mercado, as inovações na construção civil podem ser consideradas entre as principais, já que apresentam um sério potencial de revolucionar a área e fazer com que seus resultados sejam ainda melhores.
Algumas tendências se destacam entre as demais e merecem ser comentadas aqui, as quais ainda são novidade, mas não devem levar tanto tempo até que sejam adotadas pelas construtoras e empreendedoras, em um investimento tão benéfico financeiramente quanto em termos de produtividade, eficiência e segurança.
Conheça e entenda o que deve influenciar sensivelmente o mercado da construção daqui em diante!
INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: TENDÊNCIAS QUE CHEGAM COM FORÇA TOTAL
1 – BIOMIMÉTICA
O termo é bem interessante, e seu significado mais ainda. Biomimética é o nome que se dá à área da ciência que visa estudar as estruturas biológicas e suas funções com o objetivo de aprender com a natureza e, então, aplicar tais conhecimentos em diferentes áreas, como na construção civil.
É fato que a natureza tem muito a nos ensinar. Mesmo com toda a intervenção humana na Terra, ela dá seu jeito de continuar existindo, o que por vezes significa romper barreiras que podem nos parecer intransponíveis.
Um exemplo claro é o que aconteceu em Chernobyl. O acidente nuclear aconteceu em 26 de abril de 1986 e a cidade foi evacuada em 5 de maio. Hoje, depois de mais de 33 anos, o local se transformou em um refúgio da vida selvagem, com árvores e animais, como mostra essa reportagem do The Guardian.
Em relação à biomimética, o segmento da construção civil pode perguntar o que a natureza faria em uma dada circunstância do projeto ou da execução de uma obra, o que ajuda a tomar decisões inteligentes, sustentáveis e eficazes.
O estudo “Biomimetic reinvention of the construction industry: energy management and sustainability”, publicado no periódico Energy Procedia em dezembro de 2017, aborda justamente a relação do tema com a área do conhecimento que estamos tratando.
Em sua conclusão, os autores citam que, globalmente, o mundo natural mostra atributos e destreza significativos para inspirar inovações sustentáveis e soluções tecnológicas para desafios humanos, o que é totalmente verdadeiro.
Podemos tomar como exemplo as fibras que aparecem nas raízes dos cogumelos, cuja resistência é maior que a de estruturas de concreto armado. Essa é uma breve mostra de que a natureza tem muito a ensinar, o que torna a biomimética em uma das potenciais tendências na construção civil para 2021.
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2 – TECNOLOGIAS DIGITAIS
Tecnologia e construção civil já são dois assuntos indissociáveis. O uso de soluções digitais está em franca ascensão neste mercado e permite a obtenção de resultados ainda melhores – o que já não era sem tempo, inclusive.
O potencial de crescimento neste sentido é muito grande. De acordo com a McKinsey & Company, o setor de construção civil é um dos menos “digitais”, perdendo neste levantamento apenas para agricultura e caça, o que deflagra uma necessidade urgente pela digitalização.
Algumas das soluções que podem ser empregadas são as seguintes:
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Uso de robôs, como rovers autônomos que aumentam a eficiência e a qualidade de inspeções, a braços mecânicos que podem automatizar tarefas repetitivas, como a colocação de tijolos.
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Uso de drones para inspeções que seriam perigosas para trabalhadores e para a análise de grandes áreas em poucos minutos. O crescimento anual do uso de drones na construção atingiu 239%, de acordo com a DroneDeploy, o que o colocou como o setor com maior crescimento na pesquisa.
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Aplicação de inteligência artificial, tanto na parte da engenharia (design preditivo, gêmeos digitais de empreendimentos) quanto na construção (computação em nuvem para disponibilizar informações rapidamente a todos os parceiros envolvidos a nível global).
As tecnologias digitais são amplas e podem se estender para além de tais aplicações, mas estes são apenas alguns exemplos de como ela pode revolucionar o setor de construção civil.
3 – CIDADES INTELIGENTES
Os projetos de transformação digital para cidades inteligentes se proliferaram por todo o globo em 2019. De acordo com o ranking “Cities in Motion INDEX 2019”, elaborado pela IESE Insight, as cidades mais inteligentes do mundo são, na ordem, Londres, Nova York, Amsterdam, Paris, Reykjavik, Tóquio e Singapura.
A Urban Systems, por sua vez, elaborou um ranking a nível nacional, liderado por Campinas (SP), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Brasília (DF), São Caetano do Sul (SP), Santos (SP), Florianópolis (SC), Vitória (ES), Blumenau (SC) e Jundiaí (SP).
As cidades inteligentes são inovações na construção civil que merecem atenção, já que este é um conceito que tende a crescer cada vez mais, principalmente pelo fato de que a porcentagem da população que mora em áreas urbanas deve chegar a 68% até 2050, contra 55% em 2018, de acordo com as Nações Unidas.
As cidades inteligentes devem contemplar construções sustentáveis e soluções otimizadas de energia, água e transporte, entre tantos outros pontos que influenciam na qualidade de vida. Isso significa que as novas construções devem ser pensadas já tendo isto em mente.
Por exemplo, prédios inteligentes que podem auto-otimizar suas operações gera dados que, no futuro, podem ser usados para avaliar tendências e informar o melhor design possível para novas construções, tudo graças à instalação de sensores e ao desenvolvimento de uma infraestrutura conectada.
Quem adotar tais iniciativas estará naturalmente à frente da concorrência, o que hoje pode não ser um diferencial tão intenso, mas que o será em um futuro não tão distante.
4 – CONSTRUÇÃO VERDE
RECOMENDADO PRA VOCÊ
Além de fazer parte do escopo das cidades inteligentes, a sustentabilidade merece ser analisada individualmente como uma inovação na construção civil, já que se aplica até mesmo ao modelo tradicional de cidades.
Os benefícios ao meio ambiente já são bastante conhecidos e comentados, o que é altamente relevante para a preservação dos recursos ambientais. Além disso, também é importante destacar as vantagens obtidas em termos de negócios.
O relatório “World Green Building Trends 2018” mostrou, em números medianos, quais são os benefícios esperados de investimentos em green building (construção verde ou sustentável), com dados de 2012, 2015 e 2018. Confira como se deu a evolução dos números, mostrados em sua respectiva ordem:
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Custos operacionais reduzidos em 12 meses: 8% / 9% / 8%
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Custos operacionais reduzidos em 5 anos: 15% / 14% / 14%
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Aumento no valor do ativo (de acordo com os proprietários): 5% / 7% / 7%
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Período de retorno para investimentos sustentáveis: 8 anos / 8 anos / 7 anos
Os fatores que motivam futuras atividades de construção sustentável contribuem diretamente com sua implantação. Os principais foram os seguintes:
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Demandas de clientes: 34%
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Regulamentações ambientais: 33%
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Edifícios mais saudáveis: 27%