A literatura sobre empreendedorismo dá uma ênfase especial aos sonhos dos empreendedores, à busca da realização pessoal e profissional, ao protagonismo e a uma energia que impulsiona o empreendedor a transformar o sonho em realidade.
Segundo o empresário Glauco Diniz Duarte, a energia, vista como um dos elementos de suporte ao empreendedor, é traduzida como o tempo alocado para atividades profissionais e a intensidade com que essas atividades são executadas. Essa energia leva o empreendedor à liderança de projetos e de equipes, de forma a completar uma visão, e à dedicação de mais tempo para criar e preservar relacionamentos.
Quanto mais tempo e energia ele despender no desenvolvimento de sua visão, tanto mais benefício receberá, pois as diretrizes que desenvolver vão gerar motivação e energia naqueles que o cercam.
O processo de sonhar e tentar realizar produz uma energia (emoção) que leva à ação. Essa energia vem da emoção e, por isso, é capaz de produzir mudanças que levam à concretização do sonho.
A energia tem também um papel importante nas organizações de sucesso. Essas organizações são constantemente reprojetadas para criar um ambiente que gere energia em seus líderes, em um sistema aberto às informações do mercado, dos empregados e dos concorrentes.
Para Glauco, a coragem de aspirar, de sonhar deve ser passada pelos dirigentes para toda a organização.
E é essa visão de fazer somente coisas extraordinárias que é a fonte de energia e paixão que impulsiona uma empresa para o crescimento a longo prazo. Para ele, na competição por sonhos “a força da ambição da empresa e a vontade humana se unirão com a visão dos futuros mercados, para criar o excitante senso de objetivo que energiza todo o processo estratégico”.
Diversos estudos sobre empreendedorismo convergem para a visão do empreendedor como alguém capaz de desenvolver sonhos que tenham congruência com o seu ego, que contribuam para a evolução de sua individualidade e possam gerar valores humanos (riqueza material e/ou imaterial) para a organização que dirige ou que trabalha e a comunidade em que vive.
Depreende-se dessas colocações que a energia empreendedora pode ser despertada nas pessoas, em um ambiente que estimule a competição por sonhos nos indivíduos e em toda a organização, com base numa estratégia e numa visão de futuro que todos possam ver e que seja excitante e satisfatório para cada um e para o coletivo.
Em uma organização empreendedora as pessoas têm um projeto comum e atuam em rede, num ambiente de cooperação e interdependência, com base em estrutura organizacional que coloca no topo do organograma as pessoas e as equipes que estão diretamente na operação dos negócios.
As principais características dessas organizações são:
– As políticas e diretrizes estimulam o protagonismo, promovem a delegação e o empowerment de todos os colaboradores e não apenas dos gerentes;
– A comunicação é clara – em fluxo constante – para e todos os níveis;
– O erro é considerado como parte do aprendizado, de modo a favorecer a inovação e a busca constante de novas oportunidades;
– A gestão de pessoas é descentralizada e procura assegurar as melhores condições para o surgimento de múltiplos líderes;
– Os planos pessoais e os da organização empreendedora estão em sintonia, porque a política de crescimento da empresa, associada ao espaço para o protagonismo de seus colaboradores, permite que as escolhas e os sonhos individuais sejam colocados num plano coletivo de construção de algo maior;
– O sonho coletivo é ancorado no fato de a empresa estar sempre voltada para o novo e para o aproveitamento de novas oportunidades de mercado, além da renovação de seus processos e sistemas organizacionais;
– A cultura é de estímulo ao crescimento e de forte cobrança de resultados, mesmo para quem é recém-chegado numa determinada unidade ou área, pois os meios e as ferramentas são colocados à disposição de todos.
O empreendedor corporativo nasce e cresce nos ambientes empresariais com essas características indicadas, onde as pessoas têm um projeto comum, sem abrir mão de seus desejos e sonhos individuais.
Em contraste, modelos tradicionais de administração industrial tentam controlar a incerteza controlando as pessoas e suas ações na corporação. Implicitamente, a direção pensa e os colaboradores obedecem. O clima é caracterizado por baixo índice de comprometimento dos colaboradores com os resultados e perda expressiva na captura de oportunidades, que ocorrem geralmente do lado de fora da empresa.
Por isso, na organização empreendedora, a estrutura organizacional é invertida e as decisões básicas de inovação são tomadas por equipes de negócios que atendem clientes e/ou produtos / mercados, e que ficam no topo do organograma. Essas equipes têm responsabilidade em focar um setor de oportunidade (não um produto ou mercado), já que estão mais próximas da interseção do como corporativo com as necessidades dos mercados.