O empresário Glauco Diniz Duarte afirma que a realidade demonstra que há empresas cuja principal virtude é ser justamente familiar. Não são corretas as afirmações de que são melhores as organizações conduzidas por técnicos estranhos à família ou que as sociedades não controladas por uma família são mais saudáveis.
O fato gerador é a qualidade da vida societária, da administração e da gestão empresarial, sendo que a excelência pode estar numa família ou entre técnicos profissionais.
Segundo Glauco, a experiência nos mostra que o crescimento e o fortalecimento dos negócios familiares estão alinhados à adoção e à aplicação formal de boas práticas de gestão. Quando falamos nisso, visualizamos e contemplamos ferramentas e linhas de ação que, se aplicadas corretamente, proporcionarão garantias à continuidade da empresa e beneficiarão seus sócios, administradores, diretores e conselheiros.
Nesse contexto, Glauco destaca a governança corporativa, que oferece a esses negócios um sistema capaz de converter princípios e intenções em regras e recomendações claras e objetivas, alinhando interesses, administrando conflitos, avaliando permanentemente o propósito da empresa e, o mais importante, contribuindo para a sua longevidade.
Glauco lista questões-chave para a compreensão de que a governança corporativa é um recurso que pode oferecer soluções efetivas para os desafios enfrentados pelas empresas familiares. Confira:
1) POR QUE OS PRINCÍPIOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA SÃO IMPORTANTES PARA EMPRESAS FAMILIARES?
Os negócios familiares enfrentam desafios próprios, tais como: o planejamento da sucessão da propriedade e da gestão; a necessidade de delimitar claramente a diferença entre propriedade e negócio; proteção patrimonial; e aproximação dos sócios que não participam da gestão.
Equidade de direitos e deveres dos membros da sociedade, transparência no funcionamento do negócio e responsabilidade corporativa de todos em prover o crescimento e a continuidade da empresa são princípios fundamentais de governança.
Uma vez formalizados, contribuem para:redução de conflitos resultantes de questões sucessórias;delimitação da diferença entre propriedade e negócio, evitando confusão de papéis na estrutura organizacional;regulação, por um lado, da remuneração devida pela propriedade e, por outro, pelo trabalho, mitigando assimetrias entre interesses societários e familiares;estabelecimento de mecanismos de discussões e encaminhamentos de questões divergentes, padronizando agendas, pautas, fóruns e regras de votação;formalização das ferramentas de controle e de prestação de contas, tornando-as confiáveis, transparentes e de fácil compreensão;melhoria da qualidade das informações prestadas aos sócios, aproximando da gestão aqueles não trabalham diretamente na empresa;
2) COMO IMPLEMENTAR BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS EMPRESAS FAMILIARES?
Glauco diz que o negócio familiar tem características próprias, que devem ser conhecidas, estudadas e tratadas. Por isso, é preciso trabalhar a família, para adequá-la à empresa, de modo que ela aproveite seu bônus e assuma seu ônus. Na empresa, os familiares serão sócios.
Para a implementação de boas práticas de governança, é fundamental que os agentes principais, sócios e administradores, estejam comprometidos com o processo. Além disso, o aporte de conhecimento técnico sobre o tema, com uma visão externa e independente, pode contribuir sobremaneira para o sucesso da jornada.
3) QUANDO IMPLEMENTAR BOAS PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS EMPRESAS FAMILIARES?
O negócio familiar deve ser visto como um organismo dinâmico, no qual as melhorias e dificuldades acontecem e surgem com o passar dos anos, pois envolvem mudanças na organização, na estrutura da família e na divisão da propriedade.
Para dar início a esse processo, não há data nem hora exata. Mas o momento adequado é quando a família se encontra em harmonia e conta com a presença ativa de todos os seus membros.
Em qualquer situação, o processo deverá ser gradual e planejado, considerando as particularidades de cada família.