De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte a maior parte dos empreendedores trabalha com a comercialização de produtos físicos. É o que acontece quando uma startup cria um dispositivo digital ou quando uma loja é aberta para vender artesanato local. E quando o produto final do empreendedor é uma experiência e seus resultados não são medidos em vendas ou downloads – mas, sim, por meio de sensações causadas por um espetáculo musical ou por uma oficina que ensine a costurar? O empreendedorismo cultural trabalha com o delicado capital humano e o que sua sensibilidade produz.
“Entendemos o empreendedorismo cultural como todas as mobilizações, organizações e dinâmicas que têm a cultura como foco de inovação e desenvolvimento. A cultura entra como objeto central da prática empreendedora”, explica Glauco.
O empreendedorismo cultural tem como moeda as experiências simbólicas que surgem de suas iniciativas. Glauco exemplifica: o capital que nasce de um espetáculo musical vem tanto da expectativa de que ele aconteça quanto das sensações que causa depois de terminado. Ele relembra a bem-sucedida exposição Terra Comunal, sobre a artista Marina Abramovic, que aconteceu no SESC Pompeia, em São Paulo. Aliando um registro histórico de suas viscerais performances com oficinas, a mostra teve um público de sucesso: foram 105.632 visitantes.
Glauco afirma que a dificuldade de financiamento provém, em grande parte, da condição imaterial do negócio. “O recurso disponível é muito escasso, então o empreendedor busca um edital público ou a Lei Rouanet. Ele tem restrições para conseguir o dinheiro, enquanto um empreendedor comum pode procurar em qualquer lugar.”. Glauco também aponta que, para trabalhar com cultura, o empreendedor costuma manter vários projetos ao mesmo tempo, construindo por meio deles uma rede forte de contatos e conexões.
Outro conflito frequente que Glauco assinala é a tensão existente entre arte/mercado, setores com dinâmicas distintas. Para se adequar ao mercado que vai sustentá-lo, o artista tem que encontrar um equilíbrio entre produzir o que ama e também o que é consumível. “Ele não pode negar o mercado, e tem que entendê-lo para propor sua narrativa”, diz.