De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, ao longo do ano passado (e no começo deste ano), foi observado duas coisas: Uma delas é um grande número de novos negócios abrindo (pelo menos na região em que eu moro). São negócios “menos sofisticados”, que poderíamos classificar como ”comércio de bairro”.
Coisas como salões de beleza, academias de ginástica, lojas de bolos caseiros e coisas do gênero.
A segunda é uma procura renovada por cursos de investimentos em renda variável, com foco especial naqueles que são voltados para a geração de renda. O pessoal que quer virar “trader” e transformar o próprio patrimônio em um negócio.
Segundo Glauco, aumento na atividade empreendedora e no mercado de renda variável é “quase sempre” algo positivo.
O desemprego voltou com tudo e está, agora, pegando aqueles profissionais qualificados e com um histórico de estabilidade em seus empregos. Gente que ganha bons salários e que, ao perder o emprego, acaba saindo com uma “grana boa”, frequentemente na casa de centenas de milhares de reais.
Aí surge a dúvida: “O que fazer com esse dinheiro?”. Segundo Glauco muitas pessoas, ao sentirem que a recolocação profissional não será tão fácil (ou mesmo que ela será inviável, ao menos em condições similares ao “status” perdido), partem para o caminho do empreendedorismo. Mas não é um empreendedorismo planejado e movido por uma legítima vontade de empreender (e um gosto pelo risco), e sim uma tentativa de “comprar um emprego”. No caso das pessoas que buscam o caminho do mercado financeiro, eu mencionei, num programa recente, a questão do “grupo de risco” que se aventura nas operações de curto prazo em bolsa de valores.
Se o padrão estiver consistente, destaca Glauco, a má notícia é que grande parte dessas iniciativas vai naufragar, e muitos patrimônios, que levaram anos (ou décadas) para serem construídos, se perderão. Momentos de crise (que envolvem perda de renda) acabam levando pessoas a tomar decisões precipitadas que podem conduzir a um único caminho: destruição de valor.
Se você está nesta situação (ou sente que estará em breve), faça o que estiver ao seu alcance para proteger o seu capital. Cuidado com a imagem distorcida do empreendedorismo como forma de te “criar um emprego” e cuidado com a ilusão de “tirar um salário do mercado financeiro”. Nunca é demais lembrar que a economia se movimenta em ciclos. Quando estávamos no final dos anos 80 (e começo dos 90), parecia o fim do mundo (ao menos no que diz respeito ao emprego).
Então, lembre-se que a reserva financeira serve, antes de qualquer coisa, para dar um “fôlego” nesses momentos de transição. E se optar por partir para algo de linha mais empreendedora, enquanto uma nova oportunidade não surge, considere sempre aqueles modelos de negócio que não envolvam capital intensivo – aqueles que demandam mais tempo (o que uma pessoa que perdeu o emprego tem, em tese, de sobra) e menos dinheiro (que precisa ser defendido de todas as formas).