Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, O aumento do consumo de energia no cotidiano das pessoas é evidente a partir do avanço tecnológico que vem acontecendo desde a Revolução Industrial. Neste contexto, a demanda crescente e ininterrupta por energia aponta para a necessidade e compromisso sustentável de desenvolver fontes de energia alternativas às fontes não renováveis.
As fontes não renováveis de energia são aquelas cuja reserva natural é finita e que se extinguem com a sua utilização. Um dos problemas ambientais mais graves provocados por estas fontes é o agravamento do aquecimento global, devido ao efeito estufa.
A queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural, principais fontes não renováveis, libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2), sabidamente um dos principais gases-estufa que se acumulam na atmosfera, retendo calor.
As fontes renováveis de energia, por sua vez, também conhecidas como fontes alternativas de energia, são aquelas que provém de recursos naturais que não se esgotam, como radiação solar, ventos e chuvas. Neste texto nos deteremos ao cenário da energia solar no Brasil.
Por que apostar em energia solar?
O Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicado em 2006, aponta como uma das principais características climáticas no Brasil, a elevada e uniforme irradiação solar ao longo de todo o território. Isto porque o país está localizado, em sua maior parte, em uma região intertropical, o que possibilita, consequentemente, um elevado aproveitamento de energia solar.
A energia solar, de maneira geral, é extremamente potente. Basta pensarmos que diversas outras fontes de energia estão ligadas à energia solar. Como exemplos, podemos citar a energia eólica, uma vez que os ventos são provocados pelas diferenças de temperatura nas camadas atmosféricas; a energia da biomassa, cuja fonte é a fotossíntese, que depende da radiação solar para ocorrer.
Mesmo a energia hidrelétrica, depende da luz solar, pois é proveniente das chuvas ocasionadas pela evaporação de água superficial. Atualmente, no Brasil, a energia hidráulica é a principal fonte para gerar energia elétrica. No entanto, é preciso pensar o impacto ambiental que a instalação e operacionalização das usinas hidroelétricas produz, principalmente ligado ao alagamento de extensas áreas cultiváveis.
Assim, tanto pela disponibilidade ao longo de todo o território brasileiro, quanto pela perspectiva sustentável, a energia solar desponta como importante alternativa de geração de energia. A seguir, apresentaremos algumas vantagens de se optar por um sistema energético solar.
Quais são as vantagens da Energia Solar?
O investimento em energia solar traz uma vantagem econômica, principalmente por reduzir os custos na conta de energia elétrica, devido às regras de geração de energia que veremos a seguir. Além disso, a implantação de energia solar protege os consumidores de possíveis oscilações dos custos da geração elétrica no país, que podem se dar de maneira repentina.
Paralelamente aos benefícios econômicos, existem os benefícios sustentáveis, a preocupação com as gerações futuras, com o ambiente e com o bom aproveitamento alinhado à preservação de recursos naturais a longo prazo.
Pensar na melhoria da qualidade de vida das pessoas e no acesso a sistemas que utilizam fontes de energias, materiais e serviços sustentáveis significa desenvolver um fluxo de planejamento e gestão dentro da ideia de cidades inteligentes. A utilização de energia solar está implicada neste conceito, que busca desenvolvimento sustentável, integrativo e economicamente viável.
Além disto, o pioneirismo de empreendimentos que empregam fontes de energias renováveis pode levar a ações de reconhecimento sustentável, aumentando visibilidade nos negócios a partir da aplicação e difusão de valores ecológicos.
Ao despertarmos estas reflexões, alternativas sustentáveis automaticamente emergem na cena urbana, em meio a uma importante conscientização ecológica. Mas neste cenário, pode surgir a pergunta: “A quantas anda a energia solar no Brasil?”. Bem, vamos às perspectivas.
Qual é a perspectivas da energia solar no Brasil?
A tecnologia dos sistemas fotovoltaicos, que transformam a luz solar em energia elétrica, tem origem nos efeitos fotovoltaicos descobertos pelo físico francês Alexandre Edmond Becquerel, em 1839. Muitos avanços em pesquisas sobre esta tecnologia ocorreram após este período, inclusive no sentido das descobertas de energia limpa.
Dando um salto geográfico e temporal, passemos ao panorama da energia solar no Brasil. A primeira usina solar fotovoltaica, destinada a captar luz solar e produzir energia em escala comercial, surgiu em 2011, no município de Tauá, no Ceará. Não à toa, esta usina foi construída na região Nordeste, pois esta é a que apresenta a maior disponibilidade energética solar do país.
Incentivos da Lei
Em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), estabeleceu uma Resolução Normativa (Nº 482), indicando condições para acesso e geração de energia descentralizada, permitindo que consumidores gerassem a própria energia amparados por um sistema de compensação por meio do consumo de energia elétrica ativa.
Em outras palavras, a partir desta resolução, a energia excedente de microgerações pode ser compensada ao retornar à distribuidora local, e o saldo positivo ser utilizado para abater o consumo do mês seguinte.
Em 2015, foi incluída pela ANEEL uma nova definição da política de micro e minigeração de energia, acrescentando termos para empreendimentos com utilização de forma independente, contendo, por vezes, múltiplas unidades consumidoras.
Ainda em termos de políticas nacionais, em 2014, realizou-se o primeiro leilão de geração centralizada de energia solar, tendo como objetivo promover o desenvolvimento das tecnologias solares no Brasil. No ano seguinte, outros dois leilões foram promovidos, com foco em energia de reserva, em que uma quantidade significativa de energia solar foi contratada.
A partir dos resultados de um desses leilões em 2015, foi inaugurado o maior parque solar funcionando na América Latina, no estado do Piauí, no ano de 2017. Com a tecnologia fotovoltaica de captação da energia solar, o parque chega à capacidade de suprir aproximadamente 300 mil domicílios. Há ainda, atualmente, um projeto em curso de implantação de usina em Minas Gerais, que tem capacidade para ser a maior da América Latina.
Panorama da energia solar
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), fundada em 2013, e que congrega as produções do setor fotovoltaico no país, informou no início deste ano que o Brasil tinha ultrapassado a marca recorde mundial de capacidade proveniente de empreendimentos de energia solar em operação.
No leilão de energia ocorrido em dezembro de 2017, a fonte solar predominou nos projetos vencedores na primeira fase, conseguindo 80% dos projetos, cujos investimentos são previstos até 2021. Em 04 de abril de 2018, o Leilão de energia iniciou nova disputa, e finalizou a contratação de 29 novos empreendimentos da fonte solar fotovoltaica.
A Empresa de Pesquisa Energética, por sua vez, publicou o Plano Decenal de Expansão de Energia 2026, informando uma expansão indicativa crescente, principalmente considerando uma prospecção de redução de custos de implantação da opção fotovoltaica.
Considerando que desde 2005, os preços vêm tendo uma queda significativa, o cenário é promissor. Além disto, os últimos dois leilões de energia realizados mostram que o desafio de redução de preços vem sendo amplamente trabalhado.
Tudo isso significa que a energia solar vem ganhando competitividade no cenário energético brasileiro, o que prevê a expansão significativa de projetos de geração de energia solar residenciais e comerciais. Em um cenário que demanda cada vez mais eficiência energética, associada ao desenvolvimento de tecnologias ecologicamente benéficas, a energia solar no Brasil desponta como opção valiosa.