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Iniciativas de incentivo ao empreendedorismo em outros países

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte ,o reconhecimento da importância da atividade empreendedora no desenvolvimento econômico tem levado cada vez mais países a promoverem iniciativas públicas ou privadas no sentido de melhorar o contexto no qual o empreendedor surge, cresce e se desenvolve de forma sustentável.

Os componentes principais para a implantação de um programa integrado de desenvolvimento do empreendedorismo são os seguintes:

1. Diagnóstico do contexto empreendedor do país – Para Glauco uma auto-análise sobre o cenário empreendedor do país que vai delinear a estratégia de um programa de incentivo ao empreendedorismo. Esse diagnóstico leva em consideração os fatores mais relevantes, as limitações, os aspectos culturais e o potencial de inovação e crescimento que o país pode apresentar.

2. Fomento do espírito e da cultura empreendedora – Visa valorizar a figura do empreendedor na sociedade e disseminar o empreendedorismo como uma opção viável de carreira e sucesso. Alguns exemplos de iniciativas neste sentido são programas de TV na Escócia, telenovelas especiais no Brasil, feira empreendedora itinerante que leva vídeos, guias práticos e orientação sobre empreendedorismo para a população em geral na Escócia, concursos de planos de negócios no Uruguai, seminários e congressos de empreendedorismo no Brasil.

3. Desenvolvimento das competências empreendedoras – Trabalha o aspecto educacional do país, promovendo o surgimento da vocação empreendedora em jovens, desde o ensino primário. Exemplos incluem a formação de professores de empreendedorismo no Brasil, o ensino de empreendedorismo a todas as etapas do ensino médio na Escócia, um espaço de aprendizagem para novas empresas de acordo com a fase em que se encontram baseado no intercâmbio com empresários experientes na Holanda, clube de empresários que promove rede de aprendizagem entre empreendedores bem sucedidos e futuros empreendedores, programas de apoio a universidades nos EUA, redes integradas de aprendizagem no Canadá e Austrália.

4. Estabelecimento de uma plataforma de serviços de apoio a empreendedores –Formação de uma rede de instituições que ofereçam condições para a criação e desenvolvimento de novos negócios de forma protegida, sobretudo nos primeiros anos de vida dos empreendimentos. O exemplo clássico presente em inúmeros países são as incubadoras de empresas. Outros exemplos incluem: subsídio a programas de P&D e ponte para serem introduzidos a empreendedores na Holanda, programa de apoio a empresas de tecnologia no mercado internacional na Costa Rica, fundo para prover serviços de coaching para empreendedores na Alemanha, serviço de tutoria personalizada e mentoria para empreendedores na Argentina e serviços para start-ups como estudos de mercado, proteção de propriedade intelectual e desenvolvimento de produto no Chile e serviços integrados e centralizados de assistência técnica para empreendedores em El Salvador e no Chile.

5. Implementação de instrumentos de apoio financeiro a empreendedores –Criação de uma ampla e diversa gama de oferta de recursos financeiros capazes de erguer novos negócios, evidenciado recentemente como fenômeno mundial na criação de fundos de capital semente, ou o capital inicial para começar um novo negócio. Outras iniciativas incluem: Provas de conceito dos negócios que se candidatam a aprovação de crédito na Escócia, rede que coloca empreendedores em contato com investidores-anjos na Escócia, fundo para promover spin-offs de base acadêmica na Alemanha, sistema de garantias e financiamentos simplificados na Escócia e EUA, investimento público em capital semente no Canadá e Israel.

6. Melhoria do contexto regulatório para o incentivo ao empreendedorismo –Inclui e revisão e aprimoramento das leis que afetam a criação e o desenvolvimento de empresas, como leis de marcas e patentes, regras para compras públicas, exigências burocráticas, regimes de trabalho, proteção intelectual e incentivos tributários. Neste quesito, a Colômbia se destaca com seu conjunto de leis específicas para facilitar o surgimento de novos empreendimentos. Além disso, a Grã Bretanha, a Holanda e a Finlândia vêm reduzindo gradativamente as barreiras administrativas enfrentadas pelos pequenos e médios negócios. A Holanda reduziu impostos para empresas nascentes e a Argentina implementou taxa zero de impostos no primeiro ano de vida de novos negócios.

7. Disponibilidade de informação, avaliação e aprendizagem do empreendedor –Desenvolvimento de estudos de base, monitoramento e de avaliação de desempenho que sirvam como indícios para a melhoria de programas de incentivo ao empreendedorismo. Instituições como o SEBRAE no Brasil ajudam a avaliar taxas de descontinuidade de negócios, ou o Corfo, no Chile, que avalia constantemente seus programas, e o Observatório PyME da Argentina, que mede as necessidades dos empreendedores a cada três meses.

Segundo Glauco, o interessante é a constatação que estas iniciativas não dependem apenas do governo e muitos destes programas acontecem graças a ações do setor privado e do terceiro setor. Outra conclusão relevante do estudo é que, embora muitos países repitam a essência dos programas uns dos outros, como incentivo ao capital semente, à formação no ensino básico ou na criação de incubadores, em uma análise mais detalhada sobre a forma de implementação, nota-se que os programas são totalmente diferentes e aqueles que são bem sucedidos são os que demonstraram ter feito bem a lição de casa com o primeiro componente, ou seja, uma boa autoanálise para saber como o programa deve ser implementado face o contexto empreendedor no qual o país faz parte. Esses esforços são grandes em todos os países, o que nos deixa mais aliviados, pois reconforta saber que a luta para promover o empreendedorismo no Brasil é também à luta de muitos pelo mundo.

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